quinta-feira, 21 de abril de 2016

Que valor atribuem os portugueses à Educação?

O projeto EDULOG, o Think tank da Educação fundada pela Fundação Belmiro de Azevedo, apresentou vários resultados relativamente ao valor que nós, portugueses, damos à Educação.
Mais de 60% dos inquiridos afirma não estar satisfeito com a escolaridade obtida, no entanto apenas 28%, por coincidência com uma formação escolar mais elevada, tem planos de voltar a estudar.

Aqui fica um breve resumo do estudo:


O projeto propõe-se analisar e promover o desenvolvimento de novas estratégias e soluções na área da educação, tendo em conta três focos fundamentais: Investigação, Divulgação e Recomendação. Uma das formas de o fazer é através da criação de um Observatório da Educação que irá produzir estudos como o que foi apresentado. Coordenado por Patrícia Ávila, do ISCTE-IUL, e com apoio/execução da IPSOS APEME, o estudo inquiriu 1200 pessoas com mais de 18 anos, residentes no continente e nas ilhas, através de entrevista telefónica durante o mês de março deste ano, e revelou que o perfil médio de escolaridade portuguesa é muito baixo comparativamente com o registado noutros países europeus. 63 por cento dos inquiridos tem escolaridade inferior ao ensino secundário, isto é, não passou do 9.º ano. Ainda assim, 68 por cento dos inquiridos considera que as qualificações escolares detidas são suficientes atendendo ao que lhes é exigido pelo trabalho que realizam e 82 por cento considera que são suficientes para as necessidades do dia-a-dia. Observou-se, ainda, uma relação muito acentuada entre a escolaridade e a ajuda prestada pelos pais nas atividades da escola. Mais de 90 por cento dos pais com ensino superior declara ajudar habitualmente os filhos nas atividades escolares, enquanto apenas 21 por cento dos inquiridos com escolaridade até ao 1º ciclo de ensino básico declarou ajudar os filhos nessas atividades. 36 por cento dos inquiridos com escolaridade até ao 1º ciclo assumem que não ajudam os filhos porque não o conseguiriam fazer

Os dados recolhidos confirmam a baixa escolaridade da população portuguesa face à observada noutros países: 63% dos inquiridos tem o 9.º ano e 38% a 4.ª classe. As percentagens não refletem apenas a escolaridade dos mais velhos, por isso, os investigadores argumentam não ser apenas uma questão geracional. Percebe-se ainda que ao longo da sua vida muitos adultos fizeram um esforço para regressar ao ensino, pelo menos 22% dos inquiridos. Destes, cerca de 89% diz ter concluído o grau que pretendia. Em parte, concluem os investigadores, graças ao programa Novas Oportunidades que permitia a conclusão do 6.º, 9.º e 12.º ano através de um sistema de reconhecimento e acreditação de competências adquiridas ao longo da vida.


Apesar da breve passagem pelo sistema de ensino, 62% dos inquiridos gostaria de ter uma escolaridade mais elevada. Mas retornar à escola faz apenas parte dos planos de 28% dos indivíduos. E são os mais escolarizados que afirmam ter projetos de continuação dos estudos. No topo das motivações está a valorização pessoal e possibilidade de trazer mais conhecimento para o dia-a-dia. Cerca de 70% dos inquiridos responde que quer voltar a estudar para se “sentir melhor”. As razões para voltar aos livros não variam muito com a idade.

O facto de os estudos não fazerem falta ou a impossibilidade de estudar por falta de tempo, são as razões mais invocadas entre os indivíduos que não querem voltar a estudar. O receio de não ter capacidade para voltar à escola é o motivo mais apresentado por quem escolaridade mais baixa.

Questionados sobre a utilidade da escolaridade a quanto à entrada no mercado de trabalho, 33% dos inquiridos responde que a formação foi “muito útil” e 50% diz ter sido “relativamente útil”. Por outro lado, seja qual for o nível de escolaridade obtido, 68% considera ter níveis de qualificação suficientes para a profissão que exerce. Mesmo entre os indivíduos com escolaridades muito baixas. Já 41% dos licenciados diz ter qualificações a mais do que precisam, ainda que considerem que a formação obtida foi muito útil para ingressar no mercado de trabalho.

O estudo permitiu ainda concluir que pais mais escolarizados têm projetos de escolarização mais elevados para os filhos. Assim, 55% dos inquiridos gostaria de ver o seu filho ou filha no ensino superior aos 18 anos.

Atitudes face à educação (ver gráfico)





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