quarta-feira, 20 de abril de 2016

Estudo: "Desigualdades Socioeconómicas e Resultados Escolares"

O Ministério da Educação levou a cabo um estudo, divulgado pela Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, com o tema "Desigualdades Socioeconómicas e Resultados Escolares", que vem colocar na mesa algumas provas da correlação entre a condição socioeconómica dos alunos, a escolaridade das mães e o sucesso escolar.
Este estudo vem de encontro ao que muitos outros estudos internacionais tem afirmado.
Provou-se assim que "os alunos oriundos de famílias de baixos rendimentos apresentam taxas de sucesso mais baixas”.

Segundo a Edulog:

Os dados recolhidos em mil escolas públicas, mostram que entre os alunos que não recebem apoio da Ação Social Escolar (ASE), 49% obtém percursos escolares de sucesso no 3.º ciclo (zero reprovações no 7.º e no 8.º ano e nota positiva nos exames nacionais de Português e Matemática do 9.º ano). A percentagem cai para os 20% entre os alunos beneficiários do escalão A, o máximo desses apoios.Considerando as habilitações académicas das progenitoras, o estudo revela que entre os alunos cujas mães têm mestrado ou doutoramento, 75% têm percursos de sucesso no 3.º ciclo, entre os alunos cujas mães têm o 4.º ano de escolaridade a percentagem de sucesso é apenas de 19%.

Olhando para a realidade distrital, a DGEEC encontrou outras evidências que sugerem que tanto os rendimentos dos agregados, como as qualificações das mães não determinam de forma “inapelável” a taxa de sucesso dos alunos.

São vários os exemplos: os alunos do distrito de Braga, cujas mães têm o 6.º ano, têm aproveitamento escolar no 3.º ciclo superior aos alunos residentes em Beja cujas mães completaram o 12.º ano.

Setúbal, um dos distritos do país onde o nível de habilitações das mães é mais elevado, é o segundo com menor percentagem de percursos de sucesso (32%). Viana do Castelo é o segundo distrito do país com maior percentagem de alunos com percursos de sucesso no 3.º ciclo (47%) apesar de o nível da escolaridade das suas mães figurar entre os mais baixos a nível nacional.



Voltando à análise do território continental, 59% dos alunos do 3.º ciclo tem mães com escolaridade inferior ao ensino secundário. É o norte do país que concentra o maior número de alunos cujas progenitoras têm menos habilitações: Braga (73%), Porto (69%), Aveiro (67%), Viseu (66%), Viana do Castelo (64%) e Vila Real (61%). Mas “ao contrário do que seria de esperar”, revela a DGEEC, estes seis distritos “apresentam quase todos taxas de percursos de sucesso no 3.º ciclo relativamente elevadas e, inclusivamente, superiores à média nacional”.



Por outro lado, “os alunos dos distritos do sul do país têm níveis de habilitação das mães acima da média de Portugal Continental mas resultados escolares, sob a forma de percursos de sucesso no 3.º ciclo, significativamente abaixo da média”. Exemplo: em Portalegre, os alunos cujas mães têm escolaridade semelhante às dos colegas da Guarda, têm uma taxa de percursos de sucesso 18 pontos percentuais mais baixa.

Da mesma forma, Coimbra e Setúbal, onde 52% e 47% dos alunos do 3.º ciclo têm mães com habilitação inferior ao ensino secundário, distanciam-se bastante no que toca à percentagem de alunos com percursos de sucesso: 49% em Coimbra e 32% em Setúbal, percentagens que colocam os distritos, respetivamente, no topo e no penúltimo lugar na tabela dos melhores ao nível nacional.



Relacionando a percentagem de alunos que beneficiam de apoio da ASE com a percentagem de percursos de sucesso no distrito, a DGEEC conclui que “os resultados são essencialmente os mesmos”, obtidos em relação ao nível de escolaridade das mães. Ou seja: “os distritos onde o nível económico dos agregados familiares é mais baixo, são os distritos onde a taxa de percursos de sucesso no 3.º ciclo é relativamente alta face à média de Portugal Continental”, lê-se no estudo.



Em conclusão, os investigadores adiantam que a “resposta mais plausível” para justificar os indicadores observados parece ser que “apesar do nível socioeconómico do agregado familiar ter uma forte influência sobre os desempenhos escolares, existem outros fatores igualmente importantes que, ao exercer a sua influência de forma assimétrica entre as regiões, podem compensar e até superar os efeitos do nível socioeconómico no distrito”. Fatores esses que, no futuro, importa averiguar através de outros estudos.

Informação retirada da página da Edulog:


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