terça-feira, 31 de maio de 2016

ESTADO TEM OBRIGAÇÃO DE CRIAR REDE DE ENSINO PÚBLICO QUE ABRANJA AS NECESSIDADES DE TODA A POPULAÇÃO

«A educação é uma das áreas onde melhor se ilustra a correlação das políticas públicas e o programa constitucional», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa na abertura do Fórum de Políticas Públicas, na Assembleia da República.



O Primeiro-Ministro afirmou que a Lei Fundamental contém não apenas «uma garantia de liberdade da educação confessional, mas também um direito coletivo que atribui ao Estado o dever de promover a democratização do acesso à educação».

«A educação deve contribuir para assegurar a igualdade de oportunidades (…) e tem a função de garantir o progresso social e a participação democrática na vida coletiva», referiu.

«Por isso, a Constituição fala-nos na educação, quer como liberdade de cada um, quer como direito de todos, mas diz mais: Que incumbe ao Estado a obrigação de criar uma rede de estabelecimentos públicos de ensino que abranja as necessidades de toda a população», disse António Costa.

Reconhecer e fiscalizar ensino particular

Tal como incumbe ao Estado a criação de um Serviço Nacional de Saúde, ou o desenvolvimento de um sistema de Segurança Social unificado, cabe-lhe também «uma cobertura universal por parte da rede pública de educação, tendo em vista assegurar o acesso à educação de toda a sua população, sem prejuízo, naturalmente, de reconhecer e fiscalizar os ensinos privado e cooperativo».

«A Constituição é muito clara na distinção: Ao Estado incumbe o desenvolvimento de uma rede pública, mas o Estado é obrigado a respeitar e a reconhecer os ensinos privado e cooperativo, embora não incumba ao Estado fomentá-los», sublinhou o Primeiro-Ministro.

António Costa falou sumariamente sobre o caráter evolutivo da interpretação das normas constitucionais desde o regime liberal do século XIX até à atual Constituição da República, designadamente em torno dos artigos referentes a educação.

Guia para as políticas públicas

O Primeiro-Ministro considerou que a Constituição da República deve ser concebida não apenas como um garante de liberdades, «ou como um catálogo de direitos», mas sim como sendo «efetivamente um guia para execução e prossecução das políticas públicas».

«A nossa Constituição de 1976 foi das primeiras em que, para além da disciplina do poder político (princípio que já vinha das constituições liberais) e da consagração de direitos económicos e sociais (algo já comum nas leis fundamentais do pós II Guerra Mundial), preocupou-se também em definir de forma prospetiva a execução de políticas públicas que visem garantir direitos económicos e sociais», disse.

Assim, a Constituição de 1976 «não é uma mera garantia de direitos, mas também uma Constituição que definiu um conjunto programático para a atuação do Estado - algo que tem sido base para a consensualização de políticas públicas fundamentais».

Adaptação

O Primeiro-Ministro referiu ainda adaptação da Constituição às leituras distintas do seu texto por maiorias políticas diferentes ao longo dos anos e, particularmente, «ao momento de maior tensão político-constitucional com a execução do programa de ajustamento» assinado com a troika na anterior legislatura.

«Mesmo nesse período, grande parte das declarações de inconstitucionalidade por parte do Tribunal Constitucional raramente se basearam - creio mesmo que nunca se basearam - em qualquer uma destas normas constitutivas de direitos económicos e sociais», disse.

Essas declarações de inconstitucionalidade «fundaram-se nas regras mais basilares que têm origem no período liberal, desde logo os princípios de confiança e de proteção de direitos, designadamente o direito de propriedade por parte dos cidadãos», concluiu António Costa.

sábado, 28 de maio de 2016

Dicas de Estudo para os Exames

A época de exames é a pior altura do ano para qualquer estudante. São noites sem dormir, refeições fora de horas e uma sensação horrível de tanto estudar e nada saber. Para prevenir que chegue a este desespero, reunimos 17 dicas aprovadas por cientistas para fazer o seu estudo render. 


Confira:


APRENDA A MESMA COISA DE MANEIRAS DIFERENTES
Em 2008, um estudo provou que diversos meios estimulam diferentes partes do cérebro. É mais provável que entenda e interiorize a informação se tiver mais partes do cérebro ativas. Por isso utilize diferentes meios para estudar, hoje leia as suas notas, no outro dia leia o manual, no outro veja apontamentos online, por aí fora.

ESTUDE VÁRIAS DISCIPLINAS NO MESMO DIA
É mais eficiente estudar diferentes matérias num dia, do que atirar-se de cabeça a apenas uma ou duas. Porquê? Porque, segundo Doug Rohrer, é provável que confunda informação semelhante se estudar muito da mesma disciplina num dia.
REVEJA A INFORMAÇÃO PERIODICAMENTE
Um estudo de 2008 prova que rever a informação periodicamente é essencial se quiser mover a informação da sua memória a curto prazo para a sua memória a longo prazo. Rever informação também impede que acumule matéria.
SENTE-SE NOS LUGARES DA FRENTE DA SALA DE AULA
Estudos mostram que os estudantes que se sentam nos lugares da frente têm tendência a ter melhores notas. Ao escolher estes lugares, vai conseguir ver e ouvir os professores melhor, o que melhorará a sua concentração.
NÃO FAÇA MUITAS COISAS AO MESMO TEMPO
Os estudos não enganam: fazer muitas coisas ao mesmo tempo tornam-no menos produtivo e mais distraído. Bons estudantes focam-se numa só coisa ao mesmo tempo. Por isso não tente estudar enquanto vê televisão, responde a mensagens e verifica o que se passa nas redes sociais.
SIMPLIFIQUE E RESUMA
Está provado que utilizar técnicas mnemónicas aumenta a capacidade de aprender. Por exemplo, se tem que saber uma longa lista de conteúdos, decore as iniciais e construa frases do seu dia-a-dia que o poderão ajudar a assimilar a matéria. Faça também resumos, diagramas e mapas mentais. Estas técnicas permitirão que aprenda a informação muito mais depressa.
TOME NOTAS À MÃO
Um estudo conduzido por dois professores, um da Universidade de Princeton e outro da Universidade de Los Angeles, prova que utilizar o computador para tomar notas não só aumenta as hipóteses de se distrair, como também torna a aprendizagem muito menos eficaz, mesmo que o utilize só para este fim. Estudantes que tomam notas à mão, processam e reformulam a informação enquanto os estudantes que utilizam o computador escrevem palavra a palavra o que os professores dizem, sem processaram a informação antes.
ANOTE AS SUAS PREOCUPAÇÕES
Numa experiência, investigadores da Universidade de Chicago descobriram que estudantes que escrevem os seus pensamentos sobre um exame durante 10 minutos, têm melhores notas do que estudantes que não o fazem. A psicóloga Kitty Klein também provou que exprimir as preocupações do exame, aumenta a memória e a capacidade de aprender.
Para estar menos ansioso em relação a um exame, tire 10 minutos e escreva tudo o que o preocupa sobre a avaliação. Um simples exercício que o ajudará a melhorar as suas notas.
TESTE-SE A SI MESMO PERIODICAMENTE
Décadas de estudos provaram que testar-se a si mesmo é essencial se quiser aumentar a sua performance académica.
Num estudo, o psicólogo Keith Lyle ensinou o mesmo curso de estatística a dois grupos de estudantes. No primeiro grupo, Lyle pediu aos alunos para completar um teste de 4 a 6 perguntas no fim de cada aula. O teste era baseado na matéria dada em aula. No segundo grupo, o psicólogo não deu nenhum teste aos estudantes. No fim do curso, Lyle descobriu que o primeiro grupo teve melhores notas que o segundo grupo no fim dos exames.

FAÇA UMA LIGAÇÃO ENTRE O QUE APRENDEU COM O QUE JÁ SABE
Os cientistas Henry Roediger III e Mark A. McDaniel explicam que quanto mais associar novos conceitos a conceitos que já conhece e entende, mais facilmente aprende a nova informação. Pode custar um pouco fazer essa conexão, mas o investimento vale a pena.
LEIA A INFORMAÇÃO EM VOZ ALTA
Estudos mostram que ler a informação em voz alta ajuda os alunos a aprender mais rápido do que se a lerem em voz baixa. Quando lê a informação em voz alta, consegue vê-la e escutá-la e quando a lê em voz baixa, só a consegue ver. Não é muito prático ler toda a informação em voz alta, por isso recomendamos que faça um resumo com as informações-chave.
FAÇA PAUSAS
Fazer pausas regulares no estudo, melhora a produtividade e ajuda-o a concentrar-se.
Não é boa ideia trancar-se no quarto a estudar horas a fio. Faça pausas de 5 a 10 minutos por cada 40 minutos de estudo. Durante as pausas, tente não utilizar o seu telemóvel ou computador, uma vez que estes impedem o seu cérebro de relaxar totalmente.
INCENTIVE-SE A SI MESMO
Antes de começar uma sessão de estudo, estabeleça uma recompensa por completar essa sessão. As recompensas podem ser algo simples como comer um chocolate ou tomar um longo banho. Ao fazê-lo irá estudar melhor e aprender mais depressa, mostra um estudo de 2006.
COMA FRANGO E OVOS
Uma equipa de investigadores da Universidade de Boston conduziu um estudo em 1400 adultos durante 10 anos e descobriram que os participantes que tinham uma dieta alta em colina, vitamina B, tinham uma melhor performance em testes. A colina é essencial para a formação de novas memórias, e está muito presente em ovos e galinhas.
Se for vegetariano, pode incluir a colina na sua dieta ingerindo os seguintes alimentos: Lentilhas; Sementes de girassol e abóbora; Amêndoas; Couve; Couve-flor; Brócolos

BEBA PELO MENOS 8 COPOS DE ÁGUA POR DIA
Não beber a quantidade diária suficiente de água é prejudicial ao cérebro. Investigadores da University of East London descobriram que o poder que o cérebro tem de processar informação decresce quando está desidratado. Outros estudos provam que a desidratação faz com que a massa cinzenta do cérebro encolha. Beba no mínimo 8 copos de água por dia e traga sempre consigo uma garrafa de água. Durante um exame, beba água a cada 40 minutos.

FAÇA EXERCÍCIO
O exercício físico é bom para o corpo e para o cérebro.
Vários estudos mostram que exercitar melhora a memória e o funcionamento cerebral. Por isso, faça exercício pelo menos três vezes por semana durante 30 a 45 minutos. Estará mais saudável, e lembrar-se-á melhor da informação aprendida.
DURMA
Este é o passo mais importante e o mais ignorado pelos estudantes. Estudos provam que se dormir o tempo suficiente, 8 horas diárias, estará mais concentrado, irá aprender mais depressa, e a sua memória melhorará. Também o ajudará a lidar com o stress com mais facilidade. Além disso, a especialista do sono Dan Taylor diz que aprender a matéria mais difícil antes de se deitar faz com que se lembre dela com mais facilidade no dia seguinte.
Não faça noitadas de estudo. Um estudo da psicóloga Pamela Thacher mostra que estudantes que passam noites a estudar têm resultados mais baixos e cometem mais erros por distracção.

TEXTO DE: MÁRCIA G. RODRIGUES

A importância da arte para as crianças

Desenhar, pintar com os dedos, brincar com massinha, ajudam (e muito) no desenvolvimento das crianças.



Toda criança gosta de desenhar, certo? Com lápis de cor, tinta guache ou na areia, os pequenos de todos os países, épocas e classes sociais desenham suas casas, famílias e plantas, e, depois, mostram o resultado, orgulhosos, mesmo que sejam apenas alguns rabiscos. Desenhar é uma característica importante do ser humano. Tudo começou na época em que o homem vivia nas cavernas e passou a desenhar nas paredes os animais e as atividades que faziam parte de sua vida. “Indo ou não à escola, é natural que uma criança desenhe, porque o desenho já existia antes mesmo da criação da escola”, explica a neurocientista e antropóloga Elvira Souza Lima.

As crianças que vivem em tribos e até mesmo as que tem deficiências visuais desenham, já que fazer traços com um lápis ou com o dedo e um pouco de tinta estimula o tato. Elvira Souza Lima afirma que mesmo que o desenho pareça um rabisco, para a criança, é uma narrativa, uma forma de contar uma história. Além disso, o movimento que as mãos e braços fazem ao desenhar são muito importantes para treinar o corpo e o cérebro para a próxima etapa: escrever.

A escrita nada mais é do que desenhar letras e juntá-las em palavras para criar significados. “Para escrever, usamos 21 áreas do cérebro, e algumas delas são desenvolvidas com o desenho”, afirma Elvira. “Uma criança que desenha por 15 minutos todos os dias chega às letras naturalmente, já que o movimento para fazer uma letra de mão (letra cursiva) ou de forma (letra bastão) vem do desenho”, ela diz.

Assim, uma criança que desenha bastante pode evitar dificuldades com a caligrafia quando estiver aprendendo a escrever. Mas Elvira alerta que as crianças não precisam parar de desenhar para aprender a escrever. As duas atividades podem continuar lado a lado. Ela destaca que, para desenvolver os movimentos que ajudam na escrita, a melhor escolha é o desenho livre. Ligar pontos, preencher ou colorir desenhos prontos é divertido e pode fazer parte das brincadeiras das crianças, mas é importante que ela treine seus próprios traços livres, com retas e curvas.

Brincar com massinha de modelar, argila e criar esculturas com sucata também é importante, pois ajuda a desenvolver a noção de espaço e profundidade. Elvira sugere que, pelo menos uma vez por semana, a criança brinque com algo relacionado à geometria espacial, como fazer castelinhos com bloquinhos de madeira ou montar cenários com caixas de sapato para a historinha de seus bonecos.

No Colégio Hugo Sarmento, em São Paulo, as artes plásticas, como desenho, pintura e escultura, fazem parte do currículo desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Segundo Patrícia Vasconcellos e Rosana Nunes, coordenadoras da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I do colégio, as expressões artísticas de diversas culturas, como arte indígena, africana e grega, são destacadas. A vida e a obra dos artistas também despertam interesse nos alunos e inspiram suas próprias produções.

“A arte, ao longo da vida estudantil, tem um papel fundamental na construção de um indivíduo crítico, fornecendo-lhe experiências que o ajudem a refletir, desenvolver valores, sentimentos, emoções e uma visão questionadora do mundo que o cerca”, afirmam as coordenadoras.

Já a artista e educadora Stela Barbieri destaca: “Para as crianças não existe separação em os campos da arte, como música e pintura. Elas percebem o mundo com todos os sentidos”. Para ela, que é assessora de artes da escola Vera Cruz, em São Paulo, e foi curadora das ações educativas da Bienal de Arte de São Paulo, a relação da criança com a arte não acontece apenas na escola. Ela explica que a criança participa de situações em que a relação com a arte acontece naturalmente, como conhecer as texturas em uma feira e os aromas na cozinha, ou brincar no quintal. “O contato com a arte não precisa ser apenas escolarizado”, diz.

sábado, 7 de maio de 2016

Aprender Matemática a... Jogar!

Duas ex-alunas do curso de Informática da Universidade Portucalense criaram uma aplicação que alia todos os conteúdos programáticos de matemática do 1º Ciclo a um jogo desenvolvido para sistemas android e iOS, que já se encontra disponível para Download.

A aplicação de nome Play Kachi tem por base a aventura da personagem Kachi e do seu amigo Doei, que numa viagem à Galáxia do Fogo danificam a sua nave e terão que percorrer cinco planetas para conseguirem voltar a casa.


Esta aplicação incluí 250 desafios, sendo que em cada planeta que os amigos terão que visitar será abordado um tópico do programa curricular de matemática no 1º ciclo.

Segundo as autoras do projeto, Teresa Fernandes e Isabel Oliveira: "A aplicação pretende demonstrar aos mais jovens que o estudo e diversão podem andar de mãos dadas, promovendo, ao mesmo tempo, a autonomia do aluno e a interação com a família através de uma experiência partilhada”.


Enquanto esta aplicação já se encontra no mercado, as autoras já têm em cima da mesa novos projetos para aplicações noutras disciplinas do 1º Ciclo.







sexta-feira, 6 de maio de 2016

Uma Ideia de Organização do 1º Ciclo - Por Rui Gualdino Cardoso

Após consulta ao famoso e importante blog sobre educação: Blog DeAr Lindo, encontrei este excelente texto escrito por Rui Gualdino Cardoso, em que concordo com a maioria dos tópicos abordados, à excepção que acho que deveríamos voltar a ter horários misto no 1º Ciclo, ou seja, Turmas base de manhã e turmas base de tarde, como já ocorreu em muitas escolas durante anos. Esta organização levaria a menos desemprego de docentes, assim como menos desemprego em termos de técnicos de AEC's, que muitas vezes têm horários de 3, 4, 5 horas semanais, não conseguindo conciliar mais horas, visto serem todas as atividades de enriquecimento  curricular no período entre as 16h e as 17h30m.

Passo a copiar o texto:

O fim da monodocência aproxima-se a largos passos, será o fim de uma era que, no nosso país, dura desde sempre.
Fomos caminhando, com pequenos passos, para o estado em que nos encontramos hoje, fomos aceitando as mudanças, adaptando-nos às desventuras de um nível de ensino em constante mudança, qual tubo de ensaio…
Os “illuminatum” nunca tiveram em consideração os interesses de todos os intervenientes, nunca viram o 1º ciclo como um todo.
Na última década as mudanças têm-se agudizado, são constantes, todos os anos se enfrentam novos desafios novas arbitrariedades. Se se têm em conta os interesses dos alunos? A meu ver, eles, só têm servido de desculpa para tais mudanças.
No próximo ano letivo, o do 1º ciclo irá sofrer uma das mais drásticas mudanças dos últimos anos. Não pelo seu conteúdo, mas pelo número de mudanças impostas. Um novo programa de Português, depois de verem implementadas as metas e um novo programa de matemática, a introdução do Inglês como disciplina obrigatória, o que lhes aumentará a carga letiva e para alguns, a disciplina de Iniciação à programação virá sobrecarregar ainda mais o seu horário, já por si, pejado de horas fechados dentro de quatro paredes. E isto das 9h às 17h:30m. É o horário chamado normal… mas muitos ainda frequentam outras instituições, seja para a prática de desporto, seja para a ocupação de tempos livres, pois os pais não têm horários que coincidam com a vida académica dos seus educandos. Tudo isto vai tornar as vidas das crianças ainda mais complicadas.
Isto tudo para dizer o quê?
Para dizer que o sistema de ensino no 1º ciclo, tal como está, e tal como está a ser projetado para o próximo ano letivo, não vai beneficiar os interesses da “bandeira”, leia-se alunos, que alguns usam como desculpa para tentar deixar marca. O sistema de ensino necessita de ser totalmente revisto e não estou a falar em termos de conteúdo, de número de disciplinas, do que deve ser ou não lecionado, estou a falar na sua organização.
O horário do 1º ciclo encontra-se, na maior parte das escolas, no espaço temporal das 9h até às 17h:30m. Isto, porque se entendeu ser mais benéfico no que diz respeito, à ocupação do tempo das crianças e à necessidade dos encarregados de educação de terem de exercer uma profissão e de a conciliar com os horários escolares. Mas será que beneficia as aprendizagens? A meu ver, não. O período do dia em que o cérebro está mais apto a exercer qualquer tipo de atividade que envolva a aprendizagem, isso está mais do que provado, não sou eu que o afirmo, eu só o constato todos os dias, é a parte da manhã. Não cabe na cabeça de ninguém lecionar uma aula de matemática ou português das 16h:30m às 17h:30m. Então, porque não organizar as atividades letivas exclusivamente nessa parte do dia?
A organização do sistema de ensino no 1º ciclo, e em qualquer outro, deve ter em atenção todos os fatores e intervenientes no processo. Os alunos devem poder aproveitar, da forma mais eficaz, a sua estadia na escola para que o processo ensino/aprendizagem se realize. Aos encarregados de educação, deve ser assegurado que os seus educandos têm um ensino de qualidade e que explore todas as suas capacidades. Deve também ser assegurada a escola a tempo inteiro, uma vez que, nos dias de hoje e na sociedade em que vivemos, Assim o exige. Deve também garantir aos profissionais de educação, vulgo, professores, o exercício da profissão aproveitando os períodos de maior concentração para as crianças desta faixa etária. E nisto devemos estar todos de acordo. Se os níveis de aprendizagem subirem, todos os intervenientes ganharão.
Mas porque é que o sistema se mantém? Porque é que, os responsáveis e os políticos, não olham com mais atenção para os tais países que tantas vezes usam como termo de comparação para outras matérias e veem que somos dos poucos países a persistir com este sistema? Isso, como se diz, “cada um sabe de si”… Só sei que este sistema está dado por adquirido, mais vale não se discutir porque, mudar dá muito trabalho, nem que seja para melhor.
Pois, muitos de nós, professores de 1º ciclo, temos a nossa opinião de como o sistema podia mudar e melhorar, mas não temos palavra nos órgãos decisivos. Uma coisa é certa, quase todos sabemos que a mudança é possível. E isso, tem sido assunto de conversa ao longo de muitos destes anos. Pessoalmente, também tenho a minha opinião…
Uma organização possível seria a que já é utilizada em outros países, atividades letivas da parte da manhã e não letivas da parte da tarde, como na Alemanha (ver aqui). Mas como operacionalizar? Como faze-lo sem aumentar a despesa com a educação? E é claro, sem ferir os princípios de uma escola a tempo inteiro? Vou tentar explicar da melhor forma.
Da parte da manhã, que passaria a ter inicio às 8h, ou perto dessa hora, nunca antes. Os professores titulares de turma organizariam as áreas curriculares, Português, Matemática, Estudo do Meio e as Expressões, constantes no programa curricular deste ciclo, durante este período. Terminaria, esta importante parte do dia, pelas 13h.
A hora de almoço decorreria das 13h às 14h:30m.
O período da tarde situar-se-ia entre as 14h:30m e as 17h:30m. Neste espaço de tempo, os alunos beneficiariam de atividades complementares e de enriquecimento curricular. Seria durante a parte da tarde que disciplinas como, o Inglês, obrigatório para os alunos do 3º e 4º anos, a partir do próximo ano letivo, a nova disciplina de Introdução à programação para o 1º CEB, o projeto de educação para a saúde, PASSE, aulas PRESSE, EMRC, orientação do estudo, bem como outros projetos ao nível de escola (hora do conto) ou concelhio e as AEC’S já existentes.
Como já foi mencionado acima, o horário letivo da parte da manhã seria mais produtivo para os alunos, embora a mancha letiva tenha um início “vespertino”, as crianças teriam a vantagem de assimilarem melhor as matérias lecionadas. Os “números” a que tanta importância é dada pelas organizações “observadoras”, isso espelhariam.
Na parte da tarde, o horário seria composto de atividades “mais” lúdicas, mas de igual importância no desenvolvimento das crianças. Dariam aos encarregados de educação a segurança de uma escola a tempo inteiro sem interferir nas atividades letivas e na performance académica dos alunos.
De seguida apresento dois horários possíveis, um de uma turma e outro de um professor, para que se possa visualizar a possibilidade apresentada.

Horário Turma
2ª feira3ª feira4ª feira5ª feira6ª feira
8:00PortuguêsMatemáticaPortuguêsMatemáticaPortuguês
8:30PortuguêsMatemáticaPortuguêsMatemáticaPortuguês
9:00PortuguêsMatemáticaPortuguêsMatemáticaPortuguês
9:30PortuguêsMatemáticaO.C.A.E.Expressões
10:00E. ME.M.O.C.A.E.Expressões
10:30Intervalo
11:00E. M.E. M.E.M.PortuguêsMatemática
11:30E.M.PortuguêsE.M.PortuguêsMatemática
12:00MatemáticaPortuguêsMatemáticaPortuguêsMatemática
12:30MatemáticaPortuguêsMatemáticaE.M.Inglês
13:00MatemáticaExpressõesMatemáticaE. MInglês
Almoço
14:30O. EstudoIn. Prog.InglêsPASSE/PRESSEIn. Prog.
14:50O. EstudoIn. Prog.InglêsPASSE/PRESSEIn. Prog.
15:00Proj. EscolaEMRCProj. EscolaO. EstudoExpressões
15:50Proj. EscolaEMRCProj. EscolaO. EstudoExpressões
16:10Ed. FísicaMusicaExpressõesEd. FísicaMusica
17:00Ed. FísicaMusicaExpressõesEd. FísicaMusica


Horário Professor
2ª feira3ª feira4ª feira5ª feira6ª feira
8:00 


Horário Letivo
8:30
9:00
9:30
10:00
10:30
11:00
11:30
12:00
12:30
13:00
Almoço
14:30Reservado a reuniõesTrabalho individualAtendimento Enc. Educ.Trabalho individualTrabalho individual
15:00
15:30Hora de estabelecimento
16:00
16:30Trabalho individualTrabalho individual
17:00
Nota: sexta feira das12h:00m às 13h:00m o professor cumpre uma hora de estabelecimento (não consegui formatar a tabela)
Em termos económicos, não creio que o orçamento do ministério da educação sentisse muita diferença, é tudo uma questão de maximizar recursos. É claro que tal mudança vai envolver alterações na organização dos agrupamentos. Mas somos todos professores, não é por ser professor do 1º ciclo, que deixo de ser professor para os alunos dos outros ciclos. Se tiver que exercer a profissão com esses outros alunos, dentro das minhas competências, vou faze-lo. A colaboração dos professores de EVT, dos professores bibliotecários, dos professores de apoio e até dos professores de Matemática e Português em coadjuvação, em apoio educativo ou em orientação ao estudo, professores de Ciências em atividades experimentais… Isto seria uma quase revolução…
Revolução! Revolução, seria os professores do 1º ciclo, na sua totalidade ou quase, terem condições dignas de trabalho nas escolas para efetuarem todo o tipo de trabalho a que estão obrigados. Mas isso é uma utopia.
E agora puxando a corda, a escola a tempo inteiro podia ir além das 17h:30m. Quando possível ainda se poderia acrescentar uma hora ao horário dos alunos, que disso necessitassem ou por razões académicas ou por impossibilidade de coordenação de horários Pais /Alunos. Já me estou a “esticar” muito. Mas se a organização for a adequada, até se poderia colmatar a falta de apoio que as nossas crianças tê na realização dos famigerados TPC. Um professor de apoio, uma hora por dia, a alunos que necessitassem mesmo da tal hora, o que já acontece em alguns agrupamentos e sempre existiu nos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo.
É claro que este modelo não é consensual, é claro que as crianças vão estar fechadas dentro de quatro paredes o dia inteiro, é claro que o tempo para brincadeiras individuais será reduzido, é claro que, fora as disciplinas de carater obrigatório, as outras serão de carater facultativo, caberá aos encarregados de educação, como até hoje, optar ou não, pela sua frequência.
As vozes começam a levantar-se. O certo é que o sistema, conforme está, deixou de funcionar, deixou de dar respostas às exigências da sociedade atual. Os responsáveis têm andado a tapar buracos ao longo dos anos sem resolverem o problema. Só o têm piorado. Chegamos ao ponto que, ou o sistema se modifica, ou o sistema cai. É urgente a mudança, resta-nos saber para onde nos levará…

A importância dos Contos de Fadas para a compreensão do Mundo pelas Crianças



Os contos de fadas não estão sendo esquecidos, muito pelo contrário. Hoje em dia, eles costumam servir de inspiração para uma quantidade razoável de filmes, livros e séries de televisão. Ou seja, o mercado é enorme. "Isso faz com que, por outro lado, cada um leia uma história diferente e acabamos não conhecendo os mesmos contos de fadas. O elemento de ligação falta neste caso", analisa Wolfgang Mieder, pesquisador do assunto. Mieder vê, porém, o futuro do gênero com otimismo. Ele acredita que os contos de fadas terão um lugar garantido no imaginário do futuro, embora a forma como são contados seja, para ele, motivo de preocupação.

Vencedor do Prêmio Europeu de Contos de Fadas em 2012, Mieder pesquisa há mais de 40 anos a respeito da importância e da disseminação dos contos de fadas. De cidadania alemã e norte-americana, ele cresceu em duas culturas e se sente em casa nos dois países. A influência dos contos de fadas alemães no mundo é grande, garante o pesquisador. "Os contos de fadas alemães têm, como sempre tiveram, uma grande importância. Não há praticamente nenhum país, no qual os contos dos Irmãos Grimm, por exemplo, não estejam presentes", diz Mieder.

Embora as narrativas antigas sejam adaptadas ao momento presente, os contos de fadas mantêm, geralmente, seu cerne original. "Os contos mágicos, com seus finais felizes e didáticos, são os que acabam sendo sempre escolhidos. É claro que eles contêm sempre algo do mal, mas a beleza do conto de fadas está no fato de que sempre há uma certa justiça e que o bem acaba vencendo", completa.

Fábulas refletem problemas arquetípicos

Wolfgang Mieder

O princípio do bem e do mal está também presente em sagas modernas, como Harry Potter, por exemplo. É isso que fascina os adolescentes e os leva à leitura. Trata-se do mesmo esquema, em diversas variações, do princípio mais simples do mundo. Mieder lembra seu conto preferido para explicar a questão: "Valores como a esperança e a justiça, que sempre chegam ao leitor, são transpostos", analisa o pesquisador.

Mas não é só isso. Segundo ele, os contos explicitam verdades sobre o ser humano, o que os torna atemporais e independentes de universos culturais específicos. "Nos contos estão representados os problemas arquetípicos do ser humano, mas através de uma linguagem poética e simbólica. Assim podemos nos identificar para além das fronteiras entre as culturas", conclui Minder.

Sua predileção pelos contos de fadas alemães e pelo idioma do país foram descobertos mais tarde. Depois de concluir o ensino médio, ele, alemão de nascimento, mudou-se para os EUA, a fim de se tornar matemático. No entanto, um seminário de etnologia o empolgou a ponto de tomar a decisão de se aprofundar em assuntos ligados à cultura. E isso no país no qual ele havia optado viver: nos EUA.

Assim, lembranças antigas de seus tempos na Alemanha eram recorrentes: "Nos anos 1950, ao comprar margarina, você recebia de presente algumas figurinhas coloridas, que você ia juntando com esforço e depois colando em álbuns. Foi nesses álbuns que descobri o universo dos contos", relata o pesquisador.

Efeitos que independem da cultura

Irmãos Grimm: populares em todo o mundo

Hoje em dia, a coisa é diferente: na era digital, a disseminação dos contos mudou. "O que antigamente demorava décadas, hoje espalha-se com uma rapidez absurda. A questão é só saber se os novos contos e provérbios vão continuar sobrevivendo. Em sua maioria, eles desaparecem com rapidez. Mas na internet dá para perceber exatamente qual será a repercussão de uma coisa", observa Minder. O fato de que histórias podem ser acessadas de qualquer lugar surte efeitos sobre a narrativa, acredita.

Hoje em dia, as histórias quase não são mais contadas, mas em primeira linha consumidas, seja no cinema, na TV ou na internet. "Se você pedir para alguém contar um conto de fadas no meio da rua, quase não vai achar alguém. Embora conheçamos os contos, não estamos mais acostumados a contá-los", conclui Minder.


Outras narrativas, outras expectativas





Fenômeno Harry Potter: estudado por especialistas

As expectativas também mudaram muito no que diz respeito à linguagem visual e ao ritmo da narrativa. Os filmes têm se tornado mais rápidos e o contexto, bem como as narrativas, mais complexos. A superprodução corrente de contos de fadas tornou o aspecto comunitário do "contar histórias" obsoleto. No entanto, Minder observou recentemente uma nova onda consciente de resgate do "contar histórias" nas escolas alemãs.

Isso é também importante, diz o pesquisador, "a fim de mostrar aos jovens que algo os une. Ao observar a política atual, surge a pergunta: podemos sobreviver hoje, sem ajudar os outros? Acho que os contos fornecem uma resposta simples para isso através de respostas como disposição em ajudar, altruísmo e coragem de dividir.

Respostas a questões atuais

A Bela Adormecida: litografia de 1879

Wolfgang Mieder tem mais de 200 publicações e em torno de 500 artigos sobre o assunto fábulas, sagas e provérbios. Ele é professor de Filologia Alemã e Folclore na Universidade de Vermont. "Nas minhas aulas, quero sobretudo favorecer o acesso pessoal dos estudantes aos contos de fadas. Por que lemos um conto? Quais são os sistemas de valor ali representados? Em minha pequenez, procuro ser um mensageiro dentro da ciência e também um mediador entre culturas", diz ele.

Mieder prima pela modéstia. Apesar dos diversos prêmios internacionais, ele não tem bem certeza de ter de fato merecido o prêmio que recebe agora. No entanto, é possível que quase não exista ninguém que tenha influenciado a pesquisa sobre fábulas e provérbios de maneira tão veemente quanto ele.



Autora: Charlotte Hauswedell (sv)
Revisão: Carlos Albuquerque

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Inauguração de 2 parques infantis no estabelecimento prisional de Tires

A Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, presidiu à inauguração de dois parques infantis para as crianças residentes na Casa das Mães do Estabelecimento Prisional de Tires.

Esta iniciativa surge no âmbito de um protocolo de colaboração entre a direção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais e a fundação Benfica para a prevenção criminal e a reinserção social.
Perante as mães reclusas e seus filhos, os guardas prisionais, e os voluntários da Fundação que vão acompanhar as crianças, Francisca Van Dunem afirmou a importância de envolver a sociedade civil em parcerias destinadas à ressocialização.

Ressocializar com a sociedade civil

«A visão genuinamente ressocializadora que queremos imprimir ao sistema prisional português tem de passar necessariamente por aqui, por uma parceria social entre Estado e sociedade civil que seja, ela própria, estimulante e conciliatória», disse a Ministra.

«O sistema prisional dum Estado de direito democrático e social não se pode fechar sobre si próprio, e é precisamente na comunidade que devemos buscar força e alento para não contemporizar com as lógicas e os discursos de desânimo e do esquecimento», acrescentou.

Com 430 mulheres reclusas, o Estabelecimento de Tires acolhe, desde 2000, a Casa das Mães, um espaço onde estas mulheres podem manter os seus filhos até aos três anos de idade e, nalguns casos, até aos cinco.

Francisca Van Dunem destacou a importância deste projeto para o desenvolvimento das crianças, que acabam por acompanhar as suas mães num processo de clausura difícil de atravessar.

A Ministra fez ainda um apelo geral a toda a sociedade civil que se queira juntar ao Ministério da Justiça e ao sistema de execução de penas, «para que se mobilize neste genuíno e desafiante desígnio, que pode ser - por vezes - muito difícil, mas que é o único que, neste contexto, é verdadeiramente redentor».


Fonte: http://www.portugal.gov.pt/ 

II Congresso Internacional Envolvimento dos Alunos na Escola: Perspetivas da Psicologia e Educação

O "II Congresso Internacional Envolvimento dos Alunos na Escola: Perspetivas da Psicologia e Educação" decorrerá nos dias 11, 12 e 13 de julho de 2016, no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

Este Congresso destina-se a pessoas com contributos de áreas disciplinares diversas, sejam mais ligadas à educação e à psicologia, sejam mais centradas no ensino de conteúdos específicos. O encontro constitui, assim, um fórum de reflexão e análise, destinado a todos os profissionais de educação, psicólogos, educadores, professores, investigadores e estudantes de doutoramento, mestrado e licenciatura.

Constitui-se como um fórum aberto a investigadores, professores e psicólogos de todo o mundo, interessados em debater problemáticas do envolvimento e da motivação dos alunos na escola, e em discutir teorias, métodos, práticas e implicações psico-educacionais.

Informação sobre formalização e período de inscrições disponível online. 



Escolaridade Obrigatória - Ciclo Lei de Bases do Sistema Educativo

De forma a dar continuidade ao ciclo de Seminários dedicados à reflexão sobre a Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE), o Conselho Nacional de Educação organiza a quinta iniciativa dedicada à temática que respeita ao cumprimento da escolaridade obrigatória, diferenciação de trajetos, equidade e sucesso no sistema educativo. 

Neste Seminário, a decorrer no dia 16 de Maio no Auditório da Escola Secundária Alves Martins, em Viseu, pretende-se que os diferentes especialistas que nele participam contribuam para uma reflexão informada em torno das questões e desafios que uma escolaridade obrigatória de 12 anos coloca ao País. 

As inscrições poderão ser formalizadas online, até ao dia 11 de maio.




domingo, 1 de maio de 2016

A história do dia 1 de maio - Dia do Trabalhador

Como não consegui preparar nenhum texto, decidi partilhar convosco este de autoria de Maria João Carvalho, para a Euronews.

1 de maio é o Dia do Trabalhador, data que tem origem a primeira manifestação de 500 mil trabalhadores nas ruas de Chicago, e numa greve geral em todos os Estados Unidos, em 1886. Três anos depois, em 1891, o Congresso Operário Internacional convocou, em França, uma manifestação anual, em homenagem às lutas sindicais de Chicago. A primeira acabou com 10 mortos, em consequência da intervenção policial. Foram os factos históricos que transformaram o 1 de maio no Dia do Trabalhador. Até 1886, os trabalhadores jamais pensaram exigir os seus direitos, apenas trabalhavam.

No dia 23 de abril de 1919, o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1º de maio como feriado, e uns anos depois a Rússia fez o mesmo.

No Brasil é costume os governos anunciarem o aumento anual do salário mínimo no dia 1 de maio.

No calendário litúrgico celebra-se a memória de São José Operário por tratar-se do santo padroeiro dos trabalhadores.

Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional. Mas as ações do Dia do Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e ativistas caídos na luta pelos seus direitos laborais.

Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, ao longo da I República transformou-se num sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado. O 1.º de Maio adquiriu também características de ação de massas. Até que, em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.

Mesmo no Estado Novo, os portugueses souberam tornear os obstáculos do regime à expressão das liberdades. As greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo. Nesse período, apesar das proibições e da repressão, houve manifestações dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF. No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.


Ficarão como marco indelével na história do operariado português, as revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo, que tiveram o seu grande impulso no 1.º de Maio de 62. Mais de 200 mil operários agrícolas, que até então trabalhavam de sol a sol, participaram nas greves realizadas e impuseram aos agrários e ao governo de Salazar a jornada de oito horas de trabalho diário.

Claro que o 1.º de Maio mais extraordinário realizado até hoje, em Portugal, com direito a destaque certo na história, foi o que se realizou oito dias depois do 25 de Abril de 1974.



O Dia do Trabalhador também tem sido turbulento na Turquia, muitas vezes violento e mortal. Este ano fica marcado por uma originalidade: o regime não quis proibir diretamente a manifestação tradicional na PraçaTaksim. Mas começou uma renovação completamente desproporcionada para impedir a concentração de trabalhadores e intelectuais no local histórico.


Qual a origem do Dia da Mãe?

A celebração do Dia da Mãe é uma das datas mais celebradas no calendário, ano após ano. “Mãe só há uma” e é a oportunidade perfeita para reconhecer e premiar todo o carinho e sacrifício que as mães oferecem aos filhos diariamente, durante todos os dias do resto das suas vidas.

Mas, de onde vem a história da celebração da festividade? As primeiras comemorações do Dia da Mãe remontam à Grécia antiga, cumprindo o seu papel de cultura seminal que serviu de base à civilização ocidental. Nesta época, os seus contemporâneos prestavam homenagem a Rea, irmã e esposa de Crono e mãe de Zeus, Poseidón e Hades. Ainda assim, e segundo Homero, Rea simbolizava a mãe dos deuses e não uma mãe universal, como poderia ser o papel de Cibeles.


De facto, foi à divindade Cibeles que honraram os romanos que, por sua vez, adquiriram os costumes dos gregos. Estes nomearam a comemoração deste dia como a Hilária e a dataram de 15 de março, que era quando os peregrinos se disponibilizavam a realizar oferendas no templo da Deusa da Mãe Terra.

Vários séculos depois, os católicos transformaram estas celebrações politeístas para distinguir a figura da Virgem Maria como a mãe de Jesus e de todos os cristãos. No santoral católico, designou-se a data de 8 de dezembro para a homenagem, coincidindo com a festa da Imaculada Conceição e aproveitando, assim, a data para homenagear os dois acontecimentos.


Contudo, a verdadeira conceção do Dia da Mãe foi fixado em 1873 pela poetisa e ativista Julia Ward Howe. Esta defensora dos direitos das mulheres escreveu a Proclamação do Dia da Mulher e, durante alguns anos, conseguiu que as mulheres de 18 cidades norte-americanas se reunissem para celebrar a festividade. A cidade de Boston continuou a comemorar o Dia da Mãe durante uma década, mas seria Anna Jarvis –movida pelo recente falecimento da sua mãe– que aplicaria todos os esforços para marcar a data de comemoração para 12 de maio de 1907.

Finalmente, e sete anos depois da proposta de Jarvis, a ideia chegaria às mãos do presidenteWoodrow Wilson, que determinaria que o Dia da Mãe nos Estados Unidos seria celebrado no segundo domingo de cada mês de maio.

Muitos foram os países que se juntaram, a pouco e pouco, e que foram fazendo eco da festividade.


Texto retirado do site Canalhistória.pt